sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A postagem abaixo, "Piada de Português", é na verdade de quinta-feira. Foi repostada na sexta, para resolver um problema técnico. Não tenho a pretenção de fazer uma postagem por dia. Sei que mais dia, menos dia, não terei tanta motivação e acabarei aumentando os intervalos entre uma história e outra. Um problema, aliás, que preciso corrigir. Vou deixar a título de postagem de sexta, para que seja curtido no final de semana, um texto que havia escrito para postar num outro blog meu que não consigo mais administrar. Foi escrito em comemoração do dia internacional das mulheres. Sem mais delongas.

A Mulher de Francisco

Existirá um significado misterioso para o fato de Deus ter feito a mulher após ao homem. Parece-me, de certo modo, um arrependimento, um ato de caridade divina Dele consigo mesmo, dando-se a oportunidade de tentar outra vez. Hoje, vendo os homens transitando sozinhos, levando sonhos e escritórios na cabeça, desconfio da simples intenção de dar uma companheira ao homem. Me é claro que Deus não ficara satisfeito com o resultado final de sua obra.
Eu sua nova empreitada, arredondou as formas, acrescentou um pouco de barro aqui, tirou um pouco de lá, projetou minuciosamente os trejeitos, os gestos e os olhares. Pegou emprestado de algumas das flores, que criara para enfeitar o Éden, graça e formosura e empregou-lhes na sua nova criação. Tirou das estrelas um pouco de luz e lhe pôs à face e pintou em aquarela um sorriso mágico. O Criador se superou e fez, então, sua obra prima.
Feita de belezas e poesia, logo que pisou no Paraíso foi reconhecendo a graça de tudo à sua volta, ao contrário de seu parceiro que buscava a caça. Ela não se aborreceu. De alguma forma, ao criar tais gestos e dar-lhe beleza e formosura, Deus acabou programando-a a burlar as certezas masculinas e, banhada em sutileza, o convencer a fazer aquilo que ela desejava.
E é graças a esses dons divinos que, séculos depois da criação celestial, Marta sorri na cama ao lado de Francisco que lê irritadamente um relatório financeiro da empresa.
- Amor, o que tem nesses papéis?
- É o relatório financeiro da empresa, tenho que fechar isso até amanhã. - Respondeu Francisco irritado.
- Mas amor, você já não ficou o dia todo trabalhando para resolver esses problemas. Agora é hora de outra coisa. Vem cá, vem?
- Não posso Marta, já disse tenho que resolver esse problema. - Mais irritado ainda.
- Ah, amor... - voz melosa. Isso não é hora de trabalhar, vem cá que vou fazer aquela massagem.
- Não vai ter jeito, né? - Perguntou se virando a ela, com o papel já meio de lado e total impaciência na voz.
- Claro que vai ter, amor. Vem cá que dou um jeito em você num instante.
- Ai meu saco! - pondo a mão na testa, já prevendo uma briga que estaria por vir.
- Está doendo também amor? Quer uma massagenzinha também. Eu cuido de você todo, coração.
Ele respirou fundo, olhou para o céu como quem pede uma orientação ou paz e disse entre dentes:
- Você não percebe que eu preciso terminar isso? Que não posso ficar de namorico?
Ela então respondeu sorridente: - Eu percebo que tenho meu amor na minha cama, estou aqui toda para ele e querendo que ele mate as vontades dele.
- Eu quero me enterrar - Disse ele, simulando um choro.
- Então vem meu homem, se enterra. - Retrucou Marta com voz sedutora, fazendo movimentos para seu lado e enrroscando suas pernas nas dele.
- Para de sacanagem, Marta!
- Nós nem começamos, meu amor. Vem cá, vem...
- Nem vamos começar. - Disse ele, levantando-se da cama e saindo do quarto com o tal relatório em direção à sala, onde passaria a noite a lê-lo.
Ela ficou inerte vendo-o sair. Segundos depois, levantou-se, foi até a porta para se certificar que ele de fato fôra para o sofá e retornou ao quarto, apagando a luz e dizendo:
- Vai pro inferno! Se vai passar a noite aqui, acordado, lendo essa merda de relatório, que pelo menos libere o melhor lado da cama.
E, enfim, dormiu.

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