quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ins Piração

Quem me conhece sabe que não acredito em inspiração. Talvez em piração. O que acredito, e há provas disso, é em trabalho árduo em busca de uma expressão, no máximo, satisfatória. Nunca mais que isso!

Somos bombardeados por informações e isso não tem nada a ver com os novos meios midiáticos que os tempos modernos nos presentearam. Desde os tempos remotos, o balançar de um galho, o pulo de um animal silvestre, a busca desenfreada pelo meio de subsistência e as relações do homem com o mundo que o cerca, é fonte de informações a respeito de como a vida funciona dentro de determinado microcosmo. Vivemos apreendendo informações.

Uma vez internalizadas, as informações se entrelaçam formando novos olhares sobre a realidade ali representada. E a partir de uma nova informação temos um “insight” ou uma idéia de uma realização ou experiência por vir.
Uma trabalheira danada que alguns insistem em reduzir a uma mera intervenção divina nomeada de “inspiração”.

Falo disso porque estou vomitando idéias. Depois de longo jejum e uma jornada de apreensão de informações, parece que meu cérebro precisa de espaço em seu HD virtual e começa a jogar para fora o artesanato do entrelaçamento de idéias.

Vejamos no que vai dar, se der em alguma coisa.

domingo, 31 de maio de 2009

PMDB quer PT fora da disputa eleitoral em ao menos 10 Estados

O tão cobiçado apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff vai custar bem caro para o PT, pelo menos politicamente. Uma reportagem do Globo (íntegra para assinantes) diz que os peemedebistas vão entregar a Lula uma lista de reivindicações que inclui “limpar” o caminho do partido em Estados onde há conflitos entre as duas legendas, uma situação que se observa em pelo menos 10 corridas eleitorais estaduais. O pedido do PMDB é claro: o PT deve sacrificar suas candidaturas, caso sejam inconvenientes para o principal aliado – caso de Minas Gerais, em que o ministro peemedebista Helio Costa é favorito para ser o próximo governador, e o PT hesita entre Fernando Pimentel e Patrus Ananias. “No Planalto, a pressão do PMDB não foi bem recebida, mas a ordem é não enfrentar o aliado e tentar empurrar as definições com a barriga até 2010”, diz o jornal. Pode ser que o PT, enfraquecido pela CPI da Petrobras, não tenha tanta margem de manobra diante do parceiro gigante.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Protogeneses

“É incrível. Não mais são discutidos os graves crimes atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas. Questões outras, agitadas até por parlamentares beneficiados com doações de campanha feitas por Dantas, diretamente ou por interpostas pessoas, formam uma nuvem de fumaça para evitar que os crimes e os criminosos sejam revelados, conhecidos da população. A ética foi para o vinagre. Sem dúvida, trata-se do efeito Mendes (Gilmar Mendes.)”

( Instituto Brasileiro Giovanni Falcone)

Dizem que os fins justificam os meios. Sendo assim, a finalidade de se provar a culpa de Dantas, por si só, justificaria o uso dos grampos, ainda que irregulares. Protógenes, ainda que caibam recursos, foi afastado da Polícia Federal. Sem dúvida é um meio. Resta-nos tentar advinhar qual será o verdadeiro fim.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Uma observação sobre um show de axé

Alexandre Peixe, Cláudia Leite, Chiclete com Banana, Tomate, Asa de Águia...

Não seria isto um festival gastronômico?

terça-feira, 17 de março de 2009

Direito ao aborto

Dizer que se é a favor do aborto no caso da menina de 9 anos do Recife, virou lugar comum. Dizer que se é contra a atitude do arcebispo do Recife e Olinda, ainda mais. Mas há muito o que se falar sobre o assunto. No entanto, contrariando o que geralmente faço, decidi postar um texto, o qual endosso, que fala por mim, cujo o título está no topo desta postagem.

"Embora contrário ao aborto, admito a sua descriminalização em certos casos, como o de estupro, e não apoio a postura do arcebispo de Olinda e Recife ao exigir de uma criança de 9 anos assumir uma gravidez indesejada sob grave risco à sua sobrevivência física (pois a psíquica está lesada) e ainda excomungar os que a ajudaram a interrompê-la.

Ao longo da história, a Igreja Católica nunca chegou a uma posição unânime e definitiva quanto ao aborto. Oscilou entre condená-lo radicalmente ou admiti-lo em certas fases da gravidez. Atrás dessa diferença de opiniões situa-se a discussão sobre qual o momento em que o feto pode ser considerado ser humano. Até hoje, nem a ciência nem a teologia tem a resposta exata. A questão permanece em aberto.

Santo Agostinho (sec. IV) admite que só a partir de 40 dias após a fecundação se pode falar em pessoa. Santo Tomás de Aquino (séc. XIII) reafirma não reconhecer como humano o embrião que ainda não completou 40 dias, quando então lhe é infundida a "alma racional". Esta posição virou doutrina oficial da Igreja a partir do Concílio de Trento (séc. XVI). Mas foi contestada por teólogos que, baseados na autoridade de Tertuliano (séc. III) e de santo Alberto Magno (séc. XIII), defendem a hominização imediata, ou seja, desde a fecundação trata-se de um ser humano em processo. Esta tese foi incorporada pela encíclica Apostolica Sedis (1869), na qual o papa Pio IX condena toda e qualquer interrupção voluntária da gravidez.

No século XX, introduz-se a discussão entre aborto direto e indireto. Roma passa a admitir o aborto indireto em caso de gravidez tubária ou câncer no útero. Mas não admite o aborto direto nem mesmo em caso de estupro.

Bernhard Haering, renomado moralista católico, admite o aborto quando se trata de preservar o útero para futuras gestações ou se o dano moral e psicológico causado pelo estupro impossibilita aceitar a gravidez. É o que a teologia moral denomina ignorância invencível. A Igreja não tem o direito de exigir de seus fiéis atitudes heróicas.

Roma é contra o aborto por considerá-lo supressão voluntária de uma vida humana. Princípio que nem sempre a Igreja aplicou com igual rigor a outras esferas, pois defende o direito de países adotarem a pena de morte, a legitimidade da "guerra justa" e a revolução popular em caso de tirania prolongada e inamovível por outros meios (Populorum Progresio).

Embora a Igreja defenda a sacralidade da vida do embrião em potência, a partir da fecundação, ela jamais comparou o aborto ao crime de infanticídio e nem prescreve rituais fúnebres ou batismo in extremis para os fetos abortados…

Para a genética, o feto é humano a partir da segmentação. Para a ginecologia-obstetrícia, desde a nidação. Para a neurofisiologia, só quando se forma o cérebro. E para a psicosociologia, quando há relacionamento personalizado. Em suma, carece a ciência de consenso quanto ao início da vida humana.

Partilho a opinião de que, desde a fecundação, já há vida com destino humano e, portanto, histórico. Sob a ótica cristã, a dignidade de um ser não deriva daquilo que ele é e sim do que pode vir a ser. Por isso, o cristianismo defende os direitos inalienáveis dos que se situam no último degrau da escala humana e social.

O debate sobre se o ser embrionário merece ou não reconhecimento de sua dignidade, não deve induzir ao moralismo intolerante, que ignora o drama de mulheres que optam pelo aborto por razões que não são de mero egoísmo ou conveniência social, como é o caso da menina do Recife.

Se os moralistas fossem sinceramente contra o aborto, lutariam para que não se tornasse necessário e todos pudessem nascer em condições sociais seguras. Ora, o mais cômodo é exigir que se mantenha a penalização do aborto. Mas como fica a penalização do latifúndio improdutivo e de tantas causas que, no Brasil, levam à morte, por ano, de cerca de 21 entre cada 1.000 crianças que ainda não completaram doze meses de vida?

"No plano dos princípios - declarou o bispo Duchène, então presidente da Comissão Espiscopal Francesa para a Família - lembro que todo aborto é a supressão de um ser humano. Não podemos esquecê-lo. Não quero, porém, substituir-me aos médicos que refletiram demoradamente no assunto em sua alma e consciência e que, confrontados com uma desgraça aparentemente sem remédio, tentam aliviá-la da melhor maneira, com o risco de se enganar" (La Croix, 31/3/79).

O caso do Recife exige uma profunda análise quanto aos direitos do embrião e da gestante, a severa punição de estupros e violência sexual no seio da família, e dos casos de pedofilia no interior da Igreja e, sobretudo, como prescrever medidas concretas que socialmente venham a tornar o aborto desnecessário."

Texto de Frei Beto, publicado no jornal Estado de Minas em 12/03/2009.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Mau gosto x Maus leitores

Lia com atenção uma postagem do blog "Sobre todas as coisas" que falava de um estudo científico que afirma que músicas ruins deixam as pessoas estúpidas. Ao final do texto a autora - que prefiro não citar ser minha esposa para manter um tom de impessoalidade - ainda cita outro estudo que diz que livros ruins deixam as pessoas estúpidas, no qual, para delírio dos amantes de boas obras literárias, cita como leitura obrigatória para os estupidos a série "Harry Potter".

Bem, devaneios à parte, depois de repensar sobre qual grupo faço parte, chego a conclusão de que não consigo mais definir o que é boa música no cenário musical atual. Tenho me encantado cada dia mais por cantores mortos, bandas desfeitas e músicas regravadas. Em síntese, tenho andado pra frente escutando para trás. Nada do cenário atual me agrada de fato. Talvez não seja questão de serem músicas boas ou ruins.

Meu senso crítico (e ácido) me indica que a questão transita por outras vielas. O que as músicas vieram perdendo ao longo dos anos, foi aquela dose necessária de sofisticação. E isso, tem a ver com nossa fraquíssima condição de leitores (dados já divulgados pela Unesco).

Música de letras fáceis e melodias repetitivas são melhores compreendidas pelos maus leitores.
Foi-se o tempo em que o "avesso do avesso do avesso do avesso" poderia ser compreendido por ouvintes que possuíam um mínimo grau de capacidade leitora. O público atual é simplesmente pobre, do ponto de vista interpretativo e - porque não dizer? - crítico. As músicas mais sofisticadas, com rimas que passam longe do óbvio e com mensagens em suas entrelinhas estão fadadas ao fracasso de venda e de público. Talvez por isso os poucos grandes nomes que ainda possuímos largaram os grandes estádios e se concentram em apertados teatros ou casas de espetáculos com capacidade de público restrita.

Lembrando que a arte, mais propriamente a música, é um produto a ser vendido, é de se esperar que os produtores invistam naqueles que darão o maior retorno financeiro: os que fazem a música que o público é capaz de assimilar. Compositores de gosto tão pobre quanto seus fãs. Nos comentários do blog citado, uma leitora deixou um comentário dizendo que na verdade existe uma identificação entre as músicas ruins e os estúpidos. Na verdade a identificação vai além: existe um planejamento para que esse casamento aconteça. Umberto Eco, num ensaio sobre literatura, dizia que o autor, ao escrever, prevê a existência de um "leitor modelo". Em outras palavras, ele cria a imagem de seu leitor e escreve de forma que sua mensagem seja bem entendida por aquele leitor. É isso que os produtores esperam dos seus artistas: uma pobreza capaz de ser compreendida por pessoas culturalmente falidas.

Mais grave que os autores que fazem o que o público deseja, são aqueles que o fazem e acreditam fazer arte. Mais grave ainda é a repercussão que recebem de programas de auditório que divulgam essa pobreza como se fosse de ouro. Uma pobreza dourada e recheada com os jabás pagos por grandes gravadoras.

Enfim, para tentar encerrar o assunto, o que temos não são músicas ruins de baixa qualidade. Temos músicas equivalentes à qualidade do público que as ouve. E nós, que nos vangloriamos de termos um bom gosto musical, precisamos nos concientizar que, continuando como está, nosso gosto, apesar de estar longe de ser pobre, estará completamente falido.

Viva os poetas mortos!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mais política (ou politicagem)


Porque será que me lembrei das palavras do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) sobre seu partido, quando vi as manobras das raposas Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-MA), para colocar Fernando Collor de Melo (PTB-AL) na presidência da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal ?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Saindo um pouco da ficção




A notícia das últimas horas (dias para quem chegou aqui depois do dia 4) é a cassação do governador do Maranhão, Jackson Lago, do PDT. Jackson venceu as eleições para o governo daquele estado no último pleito. Contra ele, entretanto, caíam acusações de compra de votos e abuso de poder político. Algo que todos nós conhecemos muito bem. Ser cassado por essas acusações, isto sim, é algo novo nesse nosso Brasil que um dia entrará nos trilhos. Outros cinco governadores, de partidos diversos, estão na lista para serem julgados e, aberto o precedente, serem cassados. Fica a torcida de que os julgamentos ocorram antes de terminarem seus mandatos.
Os advogados do réu entrarão - ou entraram - com recursos nos Superior Tribunal Eleitoral e, caso o recurso não seja aceito, deverão entrar com outro recurso no Supremo, que, como faz geralmente, o devolverá ao STE. A manobra busca ganhar tempo, sabidos que são - os advogados - da morosidade de nosso sistema judiciário.
Quando for confirmada a cassação do governador e esgotarem todos os recursos, deverá assumir o governo daquele estado o candidado que ficou em segundo lugar no pleito no qual Jackson foi eleito. E é exatamente aí que uma pulga do tamanho de um elefante faz moradia atrás de minha orelha. Esse candidato, ou melhor, candidata, nada mais é que a senadora Roseana Sarney.
Se por um lado fica a torcida para que esse país tome jeito, por outro fica a estranha sensação de que nunca entrará nos tais trilhos. E que as famílias mandatárias de verdadeiros feudos, herdeiros do antigo coronelismo, jamais largarão esse osso.
Nos resta rezar!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mais um texto baseado em uma imagem. Porém, ao contrário da postagem anterior, quando as palavras buscavam criar a imagem, neste texto abaixo, a imagem deu vasão às palavras. O processo criativo, neste caso, parte de dentro para fora, buscando uma história que justifique a imagem alí exposta. Creio eu, que é o que fez Almada Negreiros com sua "Taça de Chá", já mencionada antes. É basicamente o oposto que fazem os jornais, que mandam os artigos para seus ilustradores, que, baseados no que conta a matéria, cria uma imagem que a acompanhará. Vamos à história.



A Mulher Descalça




Logo à frente estão as pedras em forma de pirâmide, amontoadas por algum rio que passou por ali. À sua frente, as admira uma roseira que traz consigo seu belo troféu escarlate e um riacho que talvez seja filho daquele que juntou as pedras de forma tão minuciosa.


No bosque que as abriga, passeia a frágil mulher descalça, que ao vento demonstra total falta de pressa. De olhos fechados relembra os momentos da infância, quando, também descalça, ali brincava com a idosa senhora que a acompanhava. Ali corria, se molhava no riacho, voltava para a velha e se sentava sobre a grama que cobre o chão, para um descanso e um rápido lanche. Depois do lanche voltava à correria assustando borboletas coloridas que fugiam como flores aladas. Ela se divertia.


Seguiam por todo o bosque assim. Paravam, descansavam, e voltavam ao caminho. A menina que agora caminha descalça, corria; a senhora que a acompanhava, seguia a passos breves que a outra agora imita.


O caminho era anunciado pelo leito do riacho e, chegada a metade da tarde, antes de se porem no caminho de volta, sentavam-se ao pé do pequeno monte de pedras, nas rochas mais baixas. Ali sentiam o vento nas faces, viam o colorido das borboletas e ouviam a o sussurro do riacho e o canto dos pássaros em algazarra. Permaneciam assim até a hora da volta.


Agora a mulher repete o gesto, descalça e a pequenos passos. À frente estão as pedras em forma de pirâmide, amontoadas por algum rio que passou por ali e a roseira que traz consigo o belo róseo troféu.


Ela se senta ao pé da pirâmide, levanta suavemente a barra do discreto vestido azul, e ali sente na face a pouca brisa que resta na cidade que rodeia o antigo bosque. Tenta ouvir, entre buzinas e motores, o sussurro do rio e o alarido dos pássaros. Borboletas já não há.


A mulher, então, abaixa a cabeça num gesto suave e estende a mão à roseira como se fossem irmãs. Por cima dos olhos dá uma olhada naquela singela presença entre pedras, fecha os olhos por um instante e, quase imperceptivelmente dá um sorriso confessando à planta que também trás na lembrança um troféu escarlate.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sarjeta

A vista dos pés, um mostrando a sola nua e o outro o calcanhar levantado, dizia claramente que o rapaz corria. Em pé o senhor apertava desolado a face contra as duas mãos, sugerindo um movimento de negação e desespero. Diante do rapaz que corria, apenas a mureta do Ribeirão Arrudas, na parte central da Avenida do Contorno. Ao lado do homem que se desesperava, havia apenas o movimento das pessoas que embarcavam tranqüilamente nos ônibus que chegavam e partiam da rodoviária.
Ao pé do Elevado Castelo Branco, dois policiais, com olhares despreocupados, assistiam inertes à corrida do meliante. Diante deles uma criança suja dormia calmamente, enquanto bêbados dançavam ao som alto que vinha do bar ali na esquina.
Abaixo do menor que dormia, também jogada na sarjeta, pousava revoltada a assinatura do pintor.
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A título de filosofia da composição
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É certo que não existe texto original. Não, pelo menos, em sua essência. Todos os textos que produzimos, ainda que seja aparentemente uma grande novidade, carrega consigo uma série de informações que têm como origem diversos pensamentos de diversos autores. Toda conclusão é fruto de intercruzamentos de idéias que vamos colhendo ao longo de nossas vidas e nossas experiências.
Somos, a todo tempo, influenciados. O texto acima narra uma quadro que pode ou não existir. Embora eu não creia que algum artista melhor que eu tenha tido a idéia de pintá-lo, a imagem narrada retrata uma cena corriqueira de uma região central de Belo Horizonte. Não creiam, no entanto, que se trata de algo novo.
Na verdade já vi dois escritores mais renomados fazer o mesmo. Por coincidência (ou não) ambos portugueses. O primeiro foi Almada Negreiros, com sua "A Taça de Chá", no qual narra a estampa de uma taça de chá. O outro autor é José Saramago, nas páginas inicias do "Evangelho Segundo Jesus Cristo", onde narra a cena da crucificação.
Como podem perceber, nenhum texto é essencialmente inédito ou original. Comigo não seria diferente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A postagem abaixo, "Piada de Português", é na verdade de quinta-feira. Foi repostada na sexta, para resolver um problema técnico. Não tenho a pretenção de fazer uma postagem por dia. Sei que mais dia, menos dia, não terei tanta motivação e acabarei aumentando os intervalos entre uma história e outra. Um problema, aliás, que preciso corrigir. Vou deixar a título de postagem de sexta, para que seja curtido no final de semana, um texto que havia escrito para postar num outro blog meu que não consigo mais administrar. Foi escrito em comemoração do dia internacional das mulheres. Sem mais delongas.

A Mulher de Francisco

Existirá um significado misterioso para o fato de Deus ter feito a mulher após ao homem. Parece-me, de certo modo, um arrependimento, um ato de caridade divina Dele consigo mesmo, dando-se a oportunidade de tentar outra vez. Hoje, vendo os homens transitando sozinhos, levando sonhos e escritórios na cabeça, desconfio da simples intenção de dar uma companheira ao homem. Me é claro que Deus não ficara satisfeito com o resultado final de sua obra.
Eu sua nova empreitada, arredondou as formas, acrescentou um pouco de barro aqui, tirou um pouco de lá, projetou minuciosamente os trejeitos, os gestos e os olhares. Pegou emprestado de algumas das flores, que criara para enfeitar o Éden, graça e formosura e empregou-lhes na sua nova criação. Tirou das estrelas um pouco de luz e lhe pôs à face e pintou em aquarela um sorriso mágico. O Criador se superou e fez, então, sua obra prima.
Feita de belezas e poesia, logo que pisou no Paraíso foi reconhecendo a graça de tudo à sua volta, ao contrário de seu parceiro que buscava a caça. Ela não se aborreceu. De alguma forma, ao criar tais gestos e dar-lhe beleza e formosura, Deus acabou programando-a a burlar as certezas masculinas e, banhada em sutileza, o convencer a fazer aquilo que ela desejava.
E é graças a esses dons divinos que, séculos depois da criação celestial, Marta sorri na cama ao lado de Francisco que lê irritadamente um relatório financeiro da empresa.
- Amor, o que tem nesses papéis?
- É o relatório financeiro da empresa, tenho que fechar isso até amanhã. - Respondeu Francisco irritado.
- Mas amor, você já não ficou o dia todo trabalhando para resolver esses problemas. Agora é hora de outra coisa. Vem cá, vem?
- Não posso Marta, já disse tenho que resolver esse problema. - Mais irritado ainda.
- Ah, amor... - voz melosa. Isso não é hora de trabalhar, vem cá que vou fazer aquela massagem.
- Não vai ter jeito, né? - Perguntou se virando a ela, com o papel já meio de lado e total impaciência na voz.
- Claro que vai ter, amor. Vem cá que dou um jeito em você num instante.
- Ai meu saco! - pondo a mão na testa, já prevendo uma briga que estaria por vir.
- Está doendo também amor? Quer uma massagenzinha também. Eu cuido de você todo, coração.
Ele respirou fundo, olhou para o céu como quem pede uma orientação ou paz e disse entre dentes:
- Você não percebe que eu preciso terminar isso? Que não posso ficar de namorico?
Ela então respondeu sorridente: - Eu percebo que tenho meu amor na minha cama, estou aqui toda para ele e querendo que ele mate as vontades dele.
- Eu quero me enterrar - Disse ele, simulando um choro.
- Então vem meu homem, se enterra. - Retrucou Marta com voz sedutora, fazendo movimentos para seu lado e enrroscando suas pernas nas dele.
- Para de sacanagem, Marta!
- Nós nem começamos, meu amor. Vem cá, vem...
- Nem vamos começar. - Disse ele, levantando-se da cama e saindo do quarto com o tal relatório em direção à sala, onde passaria a noite a lê-lo.
Ela ficou inerte vendo-o sair. Segundos depois, levantou-se, foi até a porta para se certificar que ele de fato fôra para o sofá e retornou ao quarto, apagando a luz e dizendo:
- Vai pro inferno! Se vai passar a noite aqui, acordado, lendo essa merda de relatório, que pelo menos libere o melhor lado da cama.
E, enfim, dormiu.

Piada de Português


Nesta semana os auditores da Fifa deram um role pelo Brasil para estudar as cidades candidatas à sedes para a Copa do Mundo de 2014. BH entrou definitivamente na briga e órgãos públicos e privados firmaram promessas e mais promessas de modernização, a fim de adequar a cidade às exigências da Fifa. Todo esse esforço lembrou-me Tiradentes que dizia que se “todos quiséssemos faríamos deste país uma grande nação”. Quando querem, fazem.


BH conta com um grande estádio, que será todo remodelado para se transformar numa arena multiuso. Bacana! O metrô da cidade, que não passa de um trem urbano, deverá ter uma linha que integra o centro da cidade às imediações do estádio. A rede hoteleira, que alega já possuir uma quantidade satisfatória de leitos, promete, ainda assim, aumentar sua capacidade e melhorar seus serviços, para atender os mais exigentes turistas, que deverão vir à cidade, caso seja mesmo escolhida dentre as 12 sedes do mundial – o que me parece mais que definido.


Em entrevista a um programa de TV, acho que da Globo mas tanto faz, uma diretora de uma dessas associações de empresas ligadas ao trade turístico, prometia um trabalho intenso de reestruturação do setor de serviços na cidade, para atender a demanda de turistas. Dentre as idéias previstas para implantação do projeto, dizia que os funcionários do setor de atendimento aos turistas – leia-se taxistas, garçons, recepcionistas, policiais militares, guardas municipais, motoristas e cobradores de ônibus e etc. – deverão até o ano da copa dominar, pelo menos, o inglês e o espanhol. Acredito, claro!


“Nós fez”, “Nós foi”, “Nós ganho”, “a gente vamos”... será que alguém vai se lembrar da piada do português?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Linha oCUpada

Aconteceu em um presídio de Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte: a esposa de um detento compareceu para uma visita íntima – pasmem! – acompanhada dos dois filhos do casal. Levantou suspeitas ao se recusar a fazer os procedimentos de segurança para essas visitas, que consiste, na prática, em uma revista geral. Na realidade ela se recusou se agachar nua, procedimento que, segundo os guardas, existe para evitar que visitantes entrem no presídio “portando” objetos em seus orifícios íntimos. A mulher, então, se retirou com suas proles e voltou depois, alegando que só aceitaria fazer os procedimentos acompanhada da Polícia Militar, sem a presença dos carcereiros. Mais suspeitas ainda foram levantadas depois que as policiais encontraram duas – eu disse duas – camisinhas no ânus da mulher. Pressionada ela confessou que tentara entrar da primeira vez portando um celular e uma quantidade de maconha em seu fiofó. Como viu que não conseguiria entrar “desovou” os objetos em um matagal próximo. Policiais foram até o local acompanhado da mulher, onde encontraram apenas o celular. Ela ainda aproveitou o ensejo para denunciar um esquema de corrupção dentro do presídio, no qual carcereiros recebem grana para passarem celulares de uma ala a outra da instituição penal.

Ainda estou me perguntando que tipo de maluco que, ao encontrar uma quantidade de maconha e um celular num matagal, leva apenas a maconha e deixa para trás o aparelho. A não ser que seja um daqueles aparelhos antigos, anal-lógicos, gigantes. Malditos jornais que não divulgam a marca e o modelo do aparelho.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pensamento do dia

"A maquilagem diz-nos mais que o rosto." - Oscar Wilde