sexta-feira, 16 de abril de 2010

Escritores do além

Via ontem um outdoor que falava do centenário de Chico Xavier. Na verdade apresentava uma das 472 obras psicografadas pelo médium. Desta não me virá à cabeça o nome, mas me recordo que era uma obra ditada, narrada ou seja lá como isso funcione, pelo espírito André Luiz - uma espécie de bestseller dentre os escritores do além. Volto a ele depois.

O que me assustou foi a quantidade de obras psicografadas pelo famoso médium. Um grande autor brasileiro, desses que ganham a vida publicando livros, quando muito, escrevem uns 20 ou 30 livros em toda sua vida. A título de exemplo, Machado de Assis, aquele, têm 47 obras publicadas. Destas 17 são póstumas, ou seja, talvez o autor jamais viesse a publica-las e, à revelia do desejo do escritor, acabaram saindo pela vontade da editora que detinha o direito. Consideremos o total. 47 nada mais é que 1/10 do que fez Chico Xavier com as letras entre uma sessão espírita - na qual atendia dezenas ou centenas de pessoas - e outra. Ao menos um Pulitzer já fazia por merecer graças ao volume.

Mas lembremos que ele nada mais é que uma espécie de word. Um transcritor de textos, cuja função nada mais é que materializar as palavras que são narradas por um ente espiritual. Ainda assim eu manteria o Pulitzer, já que penso que o tradutor é co-autor da obra.

Ainda carrego a pretensão de um dia escrever algo de fato relevante. Talvez uma meia-dúzia de livros. O que, obviamente, me acrescenta uma ponta de inveja de meus ídolos literários. Mas a inveja que sinto do "espírito André Luiz" vai além. Ou ao além.

Que maravilha seria poder escrever depois de morto! Aí sim, teria muita coisa relevante para falar, afinal já teria cumprido toda uma vivência que meus leitores estariam ainda por conhecer. Imaginem, meus caros, a gama de informações disponíveis na eternidade e que estariam à disposição de meus textos. Poderia escrever um livro de assombração, pela ótica do fantasma. Vêem?

Me resta torcer ou rezar para que me sobre algum talento até lá. E que exista aqui alguém com um bom coração e disposição para pôr no papel os tantos contos que estarei disposto a narrar por toda uma eternidade.

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